quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Sonho Pessoal


Eu queria escrever um dia, ao acaso, palavras lindas.
Sinceras e lindas palavras que ele talvez lesse apenas por ler, com um risinho sapeca entre os lábios e sentisse tanta alegria como se criança fosse. Queria que ele se pusesse à janela com o papel em mãos e ali ficasse com os olhos perdidos, brilhando de saudades de mim e, de repente, dançasse com sua mãe de modo que ela risse dizendo “estas palavras te fazem muito bem”... E depois ele saísse a mostrar ao mundo seu contentamento.
Então, lá no céu, um anjo curioso e chorão correria para copiar minhas palavras e mostrá-las aos outros. Queria que lenços de papel fossem passados de mão em mão, entre risos e lágrimas de anjo e um dissesse “que belas palavras!” e outro “viu a felicidade dele?” E ainda outro “vale a pena ficar de olho lá em baixo”... E o anjo curioso voasse a levar minhas palavras ao Mestre. E este, atarefado com o Universo, anunciasse “Andou xeretando lá em baixo de novo. Ah! Você...”"e o curioso anjo, soluçando, respondesse “o Senhor precisa ler isto aqui” e o bom Mestre, rindo da inocência angelical, resumisse “eu mesmo dei a ela estas palavras”. E, virando-se para o anjo, perguntasse: “O que achou da reação dele?” O anjo, olhando o papel e analisando cada palavra, sussurraria “Ninguém ficou mais feliz do que ele...” O mestre, orgulhoso pelo que fez, alertaria “Espere para vê-los daqui pra frente!” e, vendo o anjo sair a espiar-me, recomendaria “leve o papel ao Braga, ele ficará feliz em ler isto. Afinal, eu a fiz inspirar-se nos escritos daquele velho!!!”
Ao ler minhas palavras, o Braga se deixaria cair numa cadeira, embabacado e soltaria um “Corra! Quero vê-los!”
E, então, o céu alvoroçado festejaria, embora não houvesse ninguém mais feliz pelas minhas palavras do que ele, que as lera apenas por ler.