segunda-feira, agosto 27, 2012

Conselho de uma lâmpada (ou do gênio dela)

Você tem três desejos.
Ser feliz, ser alguém e ter um amor.
Percebe que o amor está entre os bens
enquanto a felicidade e o espelho coexistem como seres.
Deixa seu amor ser, não tente tê-lo consigo, tê-lo para si.
Permita que o amor seja com você, seja para você.
Deseje ser um amor.
Seja feliz, seja alguém se seja um amor.
E permita que o amor seja a si mesmo, seja você e seja o amor entre vocês.
Seja feliz com o amor,
Seja alguém com o amor
E seja um amor com o amor
Ainda que o amor não seja eu.

segunda-feira, agosto 20, 2012

Olhos fechados, um desejo, um sopro

Eu tenho ainda 22 minutos para ser feliz até o ano que vem.
Se eu pudesse fazer qualquer coisa no mundo, eu gastaria esse tempo com você.
Lá na fazenda, na varanda, e não ia pedir nenhum beijo, nem abraço, nem olhares fuzilantes.
Só duas cobertas, um céu cheio de estrelas, você e eu. E, talvez, duas canecas de cappuccino.
E seriam 22 minutos de quase silêncio completo.
Só suspiros, poucas palavras, alguns sorrisos e tudo muito bem entendido.
Depois de um dia agradável, muito riso e papo afora, sem fortes emoções,
esse seria o fim de aniversário perfeito.
E é assim que eu quero que seja.
Porque era assim que eu queria que fossem meus últimos 22 minutos para ser feliz.
Quem sabe no ano que vem?


Escrito no dia do meu aniversário, às 23:38h.

sexta-feira, agosto 17, 2012

Desejo ou segredo

Um dos maiores desejos dos últimos tempos é falar com você.
Se um dia você me olha,
Se um dia a gente se fala...
Se houver abraço...
Perco a ordem das coisas e tento manter a pose.
Talvez alguém de alma leve perceba
e será, sem dúvida, minha perdição!
Ai, se alguém vê e conta!
Que eu morro de amores, que eu vejo você,
que a pose cai na hora exata em que você vem.
Vão-se as palavras e o jeito.
Fico no chão, olhos fixos e ar preso,
coração rasgado e eu tento remendar sem que você veja.
Sem uma palavra sequer, religo os trapos de alma enquanto o mundo lê seu nome dourado bordado nos panos de mim.

Feito em 13/08/12 às 22:20h

Nau frágil

Talvez você não saiba o quanto resisti às ondas da ideia de amar você.
Talvez nunca saiba.
Evitei ser mais uma tripulante dessas esquadras.
Não quis ver você me vendo assim.
Me apaixonei pelos mesmos motivos que todas elas, mas sob formas diferentes.
E isso, meu amado, é o que importa.
Ou não. Pra você não importa.
E tentei não te amar mas, agora que me afoguei no mar de você,
sinto suas águas passarem por mim, me jogando pra qualquer canto seu,
sem nem notar que minha sentença se encerra na sua ressaca.
Morte ou vida, não importa, se pra você sou mais um marujo tentando domar suas ondas.
Mas não, sou um pescador de nada, que mal sabe nadar,
enfeitiçado pelo seu infinito azul.
Elas te amaram quando te viram vencer as embarcações,
eu te amei quando te vi beijar o sol.

sexta-feira, agosto 10, 2012

Confessionário

Deixa eu te contar um segredo:
Pego o celular pra te mandar mensagem todos os dias.
Aí me lembro que não tenho seu número.
Parece tão óbvio me ligar a você
que eu me esqueço que de você nem sabe quem sou.
Conversamos todos os dias, rimos juntos,
procuro você por aí, te acho. Disfarço.
Viro pra lá, faço que não vi, que não ligo. Eu ligo.
Você me liga todos os dias. Trocamos olhares, perdemos o foco.
Sou nós dois, lado a lado, toda noite. Sussurramos.
E o juízo me grita sua verdade de não ser. Você não sabe quem sou.
E me despeço sussurrando. E me desfaço em te tecer.
Quantos segredos eu já contei? Era pra ser um.
Só pra dizer que todo santo Antônio dia eu pego o celular pra te mandar mensagem!
Na mesma hora me lembro: não tenho o número.
Mas você está tão aqui que parece ao alcance da mão.
E levanto o braço, e aceno ao vento. E nada de você.
Mas se você estender a mão encosta em mim.