sexta-feira, setembro 28, 2012

O olhar sobre um ipê

Enquanto aguardo o florescer,
morro semente, nascem raízes,
nasce um broto de qualquer coisa que serei (ou já sou?).
E cresce.
Cresce em mim qualquer projeto de algo grandioso.
Serei flor ou árvore?

Serei o que, ainda semente, vocacionava ser,
serei todo o potencial que a semente desconhecia ter.

Há quem passe pelo ipê e veja um belo cenário:
pássaros aninhados, troncos maduros, flores, folhas e sementes nos galhos e no chão;
algumas experiências de vida espalhadas ao vento e à terra;
e outras guardadas para si, presas em dedos de árvore.

Mas há também quem passe pelo ipê e veja galhos e troncos nus
restos de pétalas, galhos e folhas pisados num chão sujo.

Há que se perdoar as visões pessimistas,
olhos de sementes que ainda não puderam morrer,
não sabem a delícia de renascer broto de grandeza.

segunda-feira, setembro 24, 2012

Saudações

Aquelas peças que a vida nos prega...
É preciso amar a arte da vida, sabe?
Afinal, quem mais nos leva do pranto ao riso
(e vice versa) em tão pouco tempo?
E que outro roteirista pensaria no enredo que ela tece a cada um de nós?

Entrelaça história, traz e leva personagens, faz o cenário e a iluminação...
E a trilha sonora!!!!
Maior artista que a vida não há.
Diretora, roteirista, cineasta, atriz, platéia!
Uma completa direção de arte.
E, no entanto, a gente só faz reverência à morte.
A vida, meu amigo, é quem faz da morte o protagonista que é.
A vida, e não a morte, é quem faz da sua vida um espetáculo.
Façamos parte do elenco.
 
 
 
Eu estava só pensando. Só que no mural do facebook. rs
Esse foi o "Bom dia" de hoje.
Associado ao tradicional "Bons dias, bons ventos para nós, bons ventos sempre chegam longe..."

sábado, setembro 15, 2012

Ofício Informal de Registro de Interesse (quase) Público

Uma das melhores coisas da vida é conhecer gente do bem.
Parecem velhos amigos que a saudade, disfarçada de alegria, traz de volta.
É bom reconhecer os amigos que Vinícius disse.
Aos novos amigos, tenho uma notícia importante:
Sou ternamente grata por atravessarem minha vida.
Ou, antes, por existirem!
Talvez nunca saibam, talvez nem imaginem,
mas só existindo vocês já fazem minha passagem (de som) pela terra valer a pena.
E depois que me viram então, acho graça em tudo!
Vocês são meio Midas, tornam precioso tudo o que tocam.
Ou olham, ou ouvem, ou dizem.
Dá um orgulho danado ser gente quando se descobre que vocês existem!
Obrigada por tudo. Obrigada por serem.
E obrigada, acima de tudo, por se lembrarem que são. Gente.
Ficam aqui minha gratidão, admiração e o documento oficial de admiradora, fã e discípula pública e perpétua de cada um de vocês.

Belo Horizonte, 29 de agosto de 2012.
Amanda Melo de Brito

Uma flor e seu amado pelo tempo

Eu hoje vi uma cena bem rara.
Um casal com tanto carinho nos olhos que Deus os livre de todo mal!
E me encheu a alma vê-los assim.
Há tanto que não vejo um casal tão cheio de admiração!
Admiração. Não desejo, nem respeito apenas.

Sentei-me ao lado dela que foi logo dizendo: ele está no palco!
E quando ele, enfim, apareceu...
Seus olhos buscaram e acharam sua flor em frações do menor tempo.
Sua flor estava ali, e por sua causa.

Achei tudo tão lindo que não quis comentar
para não perder a beleza natural.
A música, sempre fazendo história em mim, encheu todo o universo daquela hora.
Ao fim, a bela rosa e eu saímos em modices de menina.

E ele a buscava lá fora!
O amado desta Rosa saiu ao seu encontro.
Não buscou aplausos e sorrisos senão os dela.
Foi tudo tão lindo que me deixei ficar ali.
Olhei os dois desligando o mundo porque estavam juntos.

Não, não eram namorados recentes.
Dezessete ou dezoito anos juntos, não sei ao certo.
Mas amigos. Com aquele amor que não se vê por aí e uma admiração tão bonita!
Namorados há anos que acordam todo novo dia como se fosse o primeiro.


Escrevi este texto em setembro de 2011. Não me lembro o dia exato, e até me espantei por não ter anotado na folha do texto original. O enredo é verdadeiro, mais um fato marcante daquela noite cheia de boas surpresas. Eu tinha me esquecido que foi ali que vi o encantamento desses dois. Encontrei esse texto hoje (15/09/12), por acaso, numa pilha de cadernos. Quando vi o título me lembrei exatamente de como foi escrito e achei que já tinha publicado. Agora que transcrevi me lembrei porque tinha escolhido não publicar.