domingo, julho 20, 2014

Micro fragmento da verdade

A verdade é que eu te quero aqui.
Comigo.
Não me serve você longe
E não serve se não for eu.
Tem que ser você e eu e só.
A verdade é que nem precisa ser aqui.
Podemos ser em qualquer lugar do mundo.
Seria até mais interessante do que nós.
Seríamos. Mais interessante do que nós.
A verdade é que eu queria que você me levasse daqui.
Que fôssemos nômades de nós mesmos,
Conhecedores do mundo e um do outro.
E me mata saber que esta não é também a sua verdade.

sábado, julho 19, 2014

Sobre ir e vir

É assim que mergulho em você:
Me afogo em tudo o que você faz.
Onde vai,
O que toca,
As palavras que me solta...

Todas as coisas transbordam você por aí
E é fácil te ouvir...
Sentir você...

É assim que me afogo em você:
Mergulho de cabeça, me perco em mim.
Não procuro a saída,
Procuro um abrigo.
Não me deixe ir, não me faça ir...

terça-feira, julho 08, 2014

...

E aí eu sei que não é você,
Mas vou lá ver só pra ter certeza.
Vou olhar com expectatica desejado no íntimo estar errada.
Sabendo no íntimo estar certa.
E estou.
E você não vem. Some na poeira.

E você reaparece.
Me joga duas ou três migalhas em letras...
Respondo prontamente.
Como se estivesse à espera de uma esmola sua. Estou?
E você some de novo.

E é assim.
Eu não sei se de fato vai.
Eu nem sei se de fato vem.
Talvez só fique atrás da porta tentando se conter e às vezes falhe,
Me deixando ver que você também sofre por mim.
Talvez nem venha aqui me ver
E jogue de longe uns grãos de si,
Só pra saber se ainda tem lugar.

Fim de festa

Vai, foge, foge mesmo.
Se vai embora não consegue carregar
A dor no peito e a vontade de ficar.
Pode ir que eu mesma junto os cacos,
Eu mesma limpo o chão e apago os quadros.
Se é duro pra você,
Eu respiro toda a dor e prendo o ar,
Mergulho fundo em alto mar.
Não quero nunca te fazer sofrer.
Deixa que eu conserto as cadeiras e cortinas.
Pode ir tranquilo que eu vou limpar o lustre e redecorar todo o salão,
Fechar a porta e gritar no porão.
Não importa quanto tempo leve.
Não importa quanto o tempo pese.
A dor vai ser sempre forte quando lembrar de você partindo assim.
Mas se tem que doer, então que doa tudo em mim.

segunda-feira, julho 07, 2014

Sobre o tempo, a chuva e o vento

O que vai ser de todos nós?
A verdade é que isso não importa muito,
A gente descobre enquanto caminha.
A verdade é que não sei o que fazer,
E que não quero fazer nada além de esperar.
O tempo diz, a chuva traz e o vento leva...
Eu não quero que vá,
Eu não quero que morra.
Eu não sei o que quero.
Eu não quero ir,
Nem quero morrer.
Eu não sei o que quero,
mas começo a saber o que definitivamente eu não quero.
E eu não quero você longe de mim.
O tempo dirá sussurrando e sorrindo o que deve ser feito.
A chuva trará no íntimo o que deve crescer.
O vento levará consigo o que deve ir embora.
Portanto não se apresse em partir,
mesmo porque poderá ser que,
chovendo, as águas te tragam de volta.

Bilhete póstumo

Você me matou por dentro.
Eu não queria te fazer nenhum mal...
Pode ser que um dia a gente ria disso tudo abraçado embaixo de uma árvore.

Você me atou por dentro.
E agora me joga um cutelo pra desfazer esse nó.

Você se desatou a tempo.
Pensando que o hoje era perda de tempo,
Sem saber se amanhã ou depois essa vida nos amarrará de volta.

Você me matou por dentro.
E meu último desejo [póstumo] é que você não leia os testamentos que deixei em silêncio.

domingo, julho 06, 2014

Sobre poder e ser

Foi assim: eu te vi chegar ainda em meia distância, te olhei enquanto você não me notava...
sim, acho que te vi primeiro.
Não sei ao certo.
Mas dali em diante eu te esperava todos os dias.
Todos os dias.
Eu olhava o relógio desde às 13:00 e começava a bater os pés às 13:30. Se às 14:00 você não chegasse era uma guerra dentro de mim.
E geralmente você chegava minutos depois disso.
Eu esperava pra me assentar nessa hora, fingir não te ver, passar por você, soltar o cabelo... era tudo porque você estava lá.
Então não me venha com essa de mal amado, nem precisa pensar que é tudo culpa sua, porque muitas foram as vezes em que eu planejei cada minuto do tempo em que ficamos entre as mesmas catracas.
Eu te esperava todos os dias.
Ainda espero.
E talvez espere sempre.
Talvez.
Pode ser que um pedaço de mim esteja sempre te olhando de meia distância, esperando você perguntar pelo lanche.
Pode ser que seguindo caminhos divergentes, algo de mim te siga feliz por todos os lados e o restante viva também feliz no caminho que escolher.
E, pode ser ainda que, seguindo caminhos divergentes, algo de mim te siga feliz por todos os lados e o restante vá buscar vocês em um momento chamado Qualquer.
Pode ser tanta coisa...