segunda-feira, setembro 13, 2010

O adeus que não acenei


Já vou sair do seu caminho, só estou recolhendo meus cacos,
varrendo meus restos pra dentro do peito.
Te desejo sorte e amor, muito amor da próxima vez,
e cautela nos olhos pra não chover dentro deles.
Não sei me despedir, nem sei me desculpar, nem sei achar o caminho de volta.
Mas sempre foi assim, meu próprio caminho me acha e me leva com ele.
Vou sair do seu caminho, te acenar de longe e rir um pouco de mim.
Te desejo todo amor do mundo ao lado de alguém que lhe tire o fôlego, e lhe faça perder os olhos no horizonte.
Seja feliz e próspero com a vida que deseja e algo mais além.
A parte que me cabe é te esquecer, limpar toda esta sujeira dentro de mim.
Te desejo sorte e amor, muito amor da próxima vez, que voem sempre juntos pela imensidão azul.
Você já me esqueceu e eu aqui, no seu caminho, só espere eu recolher meus destroços dessa guerra.
Não sei me despedir, nem sei me desculpar, mas ensaio no espelho, como se você ligasse, como se já não estivesse longe no horizonte, como se lembrasse de mim.
Já estou saindo do seu caminho, só falta recolher alguns pedaços...
Te desejo o melhor da vida, vou limpar e enfeitar a minha para viver os dias de sol que virão.
Mas ainda não sei me despedir, nem me desculpar.

Um adeus à janela


Então chega a hora.
Tenho que deixar você partir e, mesmo te vendo há muito distante, ainda nao sei se posso dizer "adeus".
Você é ave no céu, nem nunca pousou aqui perto, mas só de ouvi-lo à janela achei que viria me despertar todas as manhãs.
E agora eu sei, bem lá no fundo, que o adeus me fará bem, que assim já não cantarei sozinha pensando que você está na janela.
Agora terei que despertar.
Mas quando vejo suas asas lá longe, no céu mudo, me dói no peito e quero voltar para o sono.
Então chega a hora. Abro os dedos tímidademente, querendo que você se acostume com eles... Um a um eles se estendem, e minhas mãos vazias empulsionam você imaginário para o alto, de onde você nunca deveria ter saído.
O céu está grave, me perco pensando aonde você foi tão rápido.
E de novo caio em mim, você nunca pousou aqui. Só passou da janela para fora sussurrando seus encantos.
E me ponho à janela a lamentar a despedida, e sei que você passou aqui mais de uma vez, e que sabe que aqui é abrigo seguro. Mas você voa sem segurança nenhuma.
Ao refletir assim torno a lamentar, e lamentar, e lamentar...
Não fui feita para o adeus. Mas chegou a hora, precisei ver que você nunca esteve aqui.

23/08/10