terça-feira, dezembro 02, 2008

Meu Amor


Se um dia eu tivesse que descrever meu amor
queria que fosse ao longo da vida.
Um detalhe novo a cada manhã
em verso e rima, e som suave de cantar.
Queria que o mundo cantasse,
as flores, o sol, os pássaros e o chão
cantassem, meu amor, nosso amor em verso e prosa.
Queria que você nunca me deixasse,
levasse comigo toda a história de duas vidas
num só caminho.
Quero, meu amor, que você nunca me deixe,
antes se encante do meu ser tanto
que o queira descrevê-lo ao longo da vida.
Um detalhe novo a cada manhã
que te faça mais amante de mim
que te encante me amar mais e mais,
que nos amemos sempre e tanto
que a vida nos seja um detalhe novo a cada manhã
que te faça me amar por pura vontade
ao longo de nosso caminho.
(03/10/08)

terça-feira, agosto 19, 2008

Aquele jardineiro


Algumas mazelas de maus tratantes nos fazem pensar a vida inteira.
Eu ontem estive à beira do escuro e, sem perceber, acendi a luz.
Um certo bonsai esteve em perigo, e de alguma forma eu sabia disso.
Mas eu mesma não cri que nada acontecesse, mas que a vida segue por si sem nada para sofrer.
E algumas palavras ditas ao mesmo tempo preservaram meu pequeno jardim.
As sombras estavam a assombrar, mas nada puderam diante dos olhos de meu jardineiro.
As metáforas são mais fortes que eu, dominam minhas mãos o tempo todo.
Mas o que quero dizer é que meu jardim foi plantado, regado e tem sido fielmente cuidado pelo maior jardineiro de toda a História.
Depois de perceber que tamanho perigo correu meu jardim me desfiz como geléia e chorei todo o alívio de uma dor eterna antes mesmo que ela doesse. Alívio de ter este jardineiro por perto, fiel e atento, maior e melhor do que eu. Sim, ele estava lá cuidando de tudo a meu favor, zelando para viver meu jardim e me fazer sorrir.
E então as sombras se foram, assim como vieram, com o vento da noite morna.
E só me dei conta ao amanhecer, quando o sol brilhava sobre o jardim intacto, perfeito, guardado pelo maior jardineiro.
Como disse, chorei baldes pelo alívio de não perder o jardim. Mas o jardineiro me falou com voz suave e me acalentou num abraço. Meu jardim está a salvo.
Senti-me como aquele dia em que uma mulher foi a um sepulcro chorar seu mestre morto e o mesmo jardineiro lhe chamou pelo nome.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Massa de modelar


Tempo é massa modelada em dedo de criança.
Tempo espera a vida querer, espera a gente viver.
O tempo de quem ama é tempo ganho, nunca perdido.
É tempo de botar os pés no riacho e curtir preguiça a tarde toda.
É tempo de delícia no silêncio depois do muito riso.
O tempo de quem ama é tempo de criança, porque quem ama criança vira
e quem vira criança tem a vida inteira pela frente, o tempo se estica pra caber o mundo dentro.
Tempo é coisa de gente à-toa porque só tem tempo quem não tem tempo pra coisas graves.
"Quem tem tempo faz a colher e borda o cabo" dizia meu avô.
E que graça teria a colher lisa, sem bordado nenhum? - completo eu.
Quem tem tempo é dono do tempo, faz dele o que quer e quando quer!
Quem tem tempo ama, ama alguém que sem perder tempo lhe rouba os olhos e o coração,
e aquele que ama passa a ter todo o tempo do mundo para amar e ser amado e ter nos olhos roubados um brilho que lhe dá o ladrão.
Tempo é coisa linda e leve que voa sem asas e pousa sem casa. Tempo de quem ama é vento colorido, vida de quem ama é riquesa de tempos que não voltam porque não foram nunca.
Tempo é caixa que se guarda tudo perto, é bônus pra falar de graça tanto amor que transborda da caixa!
Tempo é remédio que sara dor e resfriado, cortes e maus tratos. Tempo é comprimido que expande todo o tempo à frente dos pés.
Tempo é futuro a passos calmos, é passado logo ali, é presente bem guardado.
Quem tem tempo tem tempo, não tem pressa de viver. Vive tudo o tempo todo, o presente é céu que muda as cores sem deixar de ser quem é.
Tempo é massa modelada em mãos de criança.
Criança é simples o tempo todo, porque a vida é simples demais nas mãos dela.

segunda-feira, junho 09, 2008

Bonsai


Senhoras e senhores, deixai viver feliz todo o contentamento em mim!
Porque um dia colhi uma semente.
Sementes brotam e brotos crescem.
E crescendo os brotos tomam porte e buscam para si um espaço.
E à sombra deste broto encosto minha esperança
e temo, no íntimo, morrer este broto
e o olho com saudade.
Senhoras e senhores, olhai os lírios do campo!
Não só eles, mas também as rosas, as orquídeas, os crisântemos,
as samambaias, os capins, toda e qualquer erva.
Ocupe-se de meu bonsai apenas sua vontade de viver.
Deixai viver em mim todo o contentamento que ele me traz!
Que eu, por mim, já não plantava nada, nem regava, nem olhava, nem me assentava à sombra das árvores.
Mas um dia o vento me trouxe um bonsai e à sua sombra assentam-se alguns bons sorrisos, alguns olhares perdidos, alguma esperança de asas rôtas.
Vive, bonsai, enquanto quiser viver nesta terra que lhe quer bem e lhe tem saudades até de perto!
Senhoras e senhores, olhai os lírios do campo!
Deixar viver feliz todo o contantamento em mim!
Deixai este bonsai viver em paz e olhai todos os outros verdes.

(feito em 22/02/08)

sexta-feira, maio 23, 2008

Saudade


Olá, saudade! Que falta vc me faz!
Que dor a gente sente aqui por dentro, chamando seu nome depois de tanto tempo!
Olá, meu querido! Que só se mostrou assim com a saudade que deixou, discreto como sempre, eternamente você.
Eternamente belo,
eternamente simples,
eternamente especial,
eternamente saudade.
Acontece que no Céu, o melhor Papai do mundo também sentiu sua falta e quis você pertinho Dele. Que bom que Ele emprestou você pra gente algum tempo!
Estar com você foi bom demais, ver este sorriso de olhar apertadinho não tem preço que pague! É simplesmente privilégio ter vivido ao seu lado.
E pra despedida digo: Olá, saudade! Porque a saudade não vai embora nunca.


*São quase dois anos.
"E lá se vai mais um dia"

quinta-feira, maio 15, 2008

Indícios de amar você


Numa manhã comum amanheci com certa reticência na alma. Não havia nada errado, nada especial. Percebi que o dia frio não me esfriava e uma melodia cantarolava dentro de mim.
Levantei, trabalhei, almocei normalmente. A vida não pára só pelo encanto do vento.
Notei suspiros no escorrer do dia, sorrisos bobos soltos por mim.
Havia sorrisos em todas as coisas, porque tudo estava bem demais!
E nada havia que me aborrecesse, nem me cansace, nem me doesse.
Lembranças chegavam com expectativas futuras, tudo se mistura neste estado da alma.
E todo mundo era tão lindo, tão menino, tão singelo de se ver! Eu não liguei pra nada o dia inteiro, não morri de amores, nem de dores, nem vi nascer, nem morrer ninguém.
Falavam comigo e eu não respondia, insistiam e eu soltava um "aham" pra acabar o assunto.
Pensar em você era uma saudade enorme, imensurável, cansada de esperar o tempo que não passa! E então virava uma agonia, um nó no peito, um pássaro querendo voar... Reprimido, escondido, preso na gaiola do ser.
E a vida correndo atrás do tempo, e o tempo atrás da morte, e a morte atrás de mim.
E eu nem notei! Era tanta coisa pra ver naquele dia, seu rosto invadindo minha mente o tempo todo, sem se cansar de aparecer pra mim.
Até você chegar e conversar, e falar, e ouvir e ser apenas você. E eu, mais uma vez sem prestar atenção no óbvio, apenas lendo os escritos do tempo, juntei num momento os indícios que me perseguiram o dia inteiro. E achei que eles, somados a você traziam o verbo amar de novo em mim.
Descobri que te amava assim, meio sem querer, pelos indícios de mim num dia comum. Não pude evitar e a culpa é toda sua.
E o medo me apareceu num susto! Calei a verdade até onde pude.
Mas não pude ir muito longe. Sei lá, o tempo abriu a gaiola para amar você. E o pássaro pôde enfim se aquietar, e uma árvore começa a crescer sem medo, querendo apenas ver você sorrir à sombra dela.

quinta-feira, maio 01, 2008

Bolha de encanto


Não há como medir
nem saber a cor
nem a textura
nem quando aconteceu
não poderia prever
não posso saber pra onde vai
não dá pra contar
nem soletrar
nem definir
Só posso sentir.
Saudade de coisa nenhuma que vem e sussurra seu nome pra mim.
É mais que gostar, talvez seja amar.
É um encantar
simples e frágil
renovado a cada dia.
Como uma bolha de sabão
colorida de vida
que vai ao vento
e cresce para encantar os olhares
Encanto-me contigo a cada momento,
cada gesto, cada som.
Encanto-me conosco a viver tanto e nada!
Encanto-me com a vida que ventou a gente aqui.
Encanto-me comigo que jurei não encantar-me com mais ninguém.
Mas é tão bom encantar-me assim!

(março/2008)

quinta-feira, abril 10, 2008

Amiga, preciso contar...


Você é alguém que a distância não apaga,
a saudade não esfumaça,
a vida não esquece,
o dia-a-dia não esconde.
É alguém que está na mente e no coração, portanto não é deixada de lado.
Está nos risos da festa,
nas lágrimas da dor,
nas noites de solidão,
está numa rua qualquer,
no vento da serra,
no trânsito da cidade,
na frase que alguém disse sem querer,
nas palavras guardadas de papéis antigos...
Porque quando a gente ama, quando alguém entra mesmo na NOSSA VIDA, não precisa estar com a gente o tempo todo, basta estar dentro DE NÓS o tempo todo e tudo vai lembrar você!


(para SABRA)

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Sonho Pessoal


Eu queria escrever um dia, ao acaso, palavras lindas.
Sinceras e lindas palavras que ele talvez lesse apenas por ler, com um risinho sapeca entre os lábios e sentisse tanta alegria como se criança fosse. Queria que ele se pusesse à janela com o papel em mãos e ali ficasse com os olhos perdidos, brilhando de saudades de mim e, de repente, dançasse com sua mãe de modo que ela risse dizendo “estas palavras te fazem muito bem”... E depois ele saísse a mostrar ao mundo seu contentamento.
Então, lá no céu, um anjo curioso e chorão correria para copiar minhas palavras e mostrá-las aos outros. Queria que lenços de papel fossem passados de mão em mão, entre risos e lágrimas de anjo e um dissesse “que belas palavras!” e outro “viu a felicidade dele?” E ainda outro “vale a pena ficar de olho lá em baixo”... E o anjo curioso voasse a levar minhas palavras ao Mestre. E este, atarefado com o Universo, anunciasse “Andou xeretando lá em baixo de novo. Ah! Você...”"e o curioso anjo, soluçando, respondesse “o Senhor precisa ler isto aqui” e o bom Mestre, rindo da inocência angelical, resumisse “eu mesmo dei a ela estas palavras”. E, virando-se para o anjo, perguntasse: “O que achou da reação dele?” O anjo, olhando o papel e analisando cada palavra, sussurraria “Ninguém ficou mais feliz do que ele...” O mestre, orgulhoso pelo que fez, alertaria “Espere para vê-los daqui pra frente!” e, vendo o anjo sair a espiar-me, recomendaria “leve o papel ao Braga, ele ficará feliz em ler isto. Afinal, eu a fiz inspirar-se nos escritos daquele velho!!!”
Ao ler minhas palavras, o Braga se deixaria cair numa cadeira, embabacado e soltaria um “Corra! Quero vê-los!”
E, então, o céu alvoroçado festejaria, embora não houvesse ninguém mais feliz pelas minhas palavras do que ele, que as lera apenas por ler.

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Mimos de se apaixonar


É um sorriso, um sonho
coisas que a vida deixa pelas ruas
Namoros de janela, cobertores no frio
Redes cheias de esperanças
pescadas no mar do mundo.
Novidades pela praça,
bons olhos, bom menino
saudade de coisa nenhuma...
É um pássaro na manhã de sábado,
uma chuva preguiçosa no telhado,
um beijo esperado, um abraço supresa
um velho com uma velha história
suspiros bobos, olhos perdidos
Peças que a vida nos prega
Vem, senta aqui ao meu lado
vivamos todas as coisas enquanto é tempo
que a vida aqui se espreguiça na varanda
e os dias pirraçam em não correr
O tempo trota cansado de voar.

terça-feira, janeiro 15, 2008

Vem andorinha, fazer ninho aqui pertinho


Não posso dizer o que quero,
não há tempo para dizer.
Os dias andam lentamente nas calçadas
e os jardins se assustam facilmente.
Não posso dizer o que quero!
Há uma andorinha fazendo verão no meu quintal
E não posso escrever sobre ela
Mas veja o que ela trouxe!
Uma janela pra me debruçar,
uma árvore que me faça sombra,
um entardecer dourado,
um vento fresco e sereno...
Uma andorinha trouxe pra mim
e agora devo viver em voz baixa
para não espantar a andorinha,
pra ela não fazer verão longe de mim.