segunda-feira, setembro 13, 2010

Um adeus à janela


Então chega a hora.
Tenho que deixar você partir e, mesmo te vendo há muito distante, ainda nao sei se posso dizer "adeus".
Você é ave no céu, nem nunca pousou aqui perto, mas só de ouvi-lo à janela achei que viria me despertar todas as manhãs.
E agora eu sei, bem lá no fundo, que o adeus me fará bem, que assim já não cantarei sozinha pensando que você está na janela.
Agora terei que despertar.
Mas quando vejo suas asas lá longe, no céu mudo, me dói no peito e quero voltar para o sono.
Então chega a hora. Abro os dedos tímidademente, querendo que você se acostume com eles... Um a um eles se estendem, e minhas mãos vazias empulsionam você imaginário para o alto, de onde você nunca deveria ter saído.
O céu está grave, me perco pensando aonde você foi tão rápido.
E de novo caio em mim, você nunca pousou aqui. Só passou da janela para fora sussurrando seus encantos.
E me ponho à janela a lamentar a despedida, e sei que você passou aqui mais de uma vez, e que sabe que aqui é abrigo seguro. Mas você voa sem segurança nenhuma.
Ao refletir assim torno a lamentar, e lamentar, e lamentar...
Não fui feita para o adeus. Mas chegou a hora, precisei ver que você nunca esteve aqui.

23/08/10