sábado, setembro 10, 2011

Futuro do pretérito


Além de todo escuro, a luz se acende
A candeia do peito pisca, mas reluta
Forte que é, não se apaga nunca.
Nunca é sempre não acontecer.
Sempre não acontece da gente se ver.
Enquanto eu me vejo em você
vejo você se perder em mim
Todo seu não saber de tudo em mim
adormece tudo que pode ser o todo em nós.
Não me faça perguntas,
eu não tenho respostas.
Tenho apostas que não chegaram ao fim.
Ganhar ou perder já não importa
Aprendi a traçar meu caminho
e lembrar de onde vim.
Se sei viver, não sei.
Espero apenas saber morrer
Pois na morte já não sou, mas fui;
já não tenho, tive; já não faço, fiz.
E nada nem ninguém mudará meu final.
Afinal, que pode a vida diante da morte?
E que pode a morte diante da vida?
Discursam uma à outra,
em luta infindável,
pela beleza maior.
E há beleza maior do que permitir-se
notar que a luz se acende além de todo escuro?
Diante da vida ou da morte,
este detalhe desfaz a desgraça
e espelha a frágil grandeza do ser.
Somos frágeis, meu amor,
e nada há que nos enlace.

Título: @Rei_LV