segunda-feira, abril 18, 2011

Viva-me ou deixe-me morrer [[@vcdenovo --']]


Já não me doa a alma, poeta!
Que assim se esfarela a vida em mim.
Já não me sejas quem és, mas quem desejo.
Já não me inunda de ti e deixa-me a vida.
Já não sorria, já não exista, já não more em meu peito.
Ou, antes,
viva em mim, sorria para mim, exista por mim.
Então teremos a melhor poesia - a vida.
Ou enfade-se meu ser de tuas letras,
e canse-se meu peito do teu.
E deixarei livre de cascalho o teu caminho de gente.
Absorva eu toda a dor e todo o pranto,
encha-me a alma de sombra e cinzas.
Viverei por dentro todas as trevas que me assolam e morrerei.
Matar-me-ás sem sofrer ou perceber
e quando enfim afogar-me nas águas de tua tortura,
serei novamente quem fui há tempos.
Poderei ver-lhe não meu como penso, mas tu como és.
Que não me amas, que não me queres, que nem me vês assim quem sou.
E como dói a verdade em minhas entranhas!
Ainda me repuxam e lembram "Não lhe ama! Não lhe ama e não lhe ama! Nem sequer se lembra de ti!"
E choram meus órgãos, meu peito, meu lado esquerdo.
Choram meus olhos por dentro, franzindo o semblante por fora.
Mata-me lentamente, delicie-se na minha dor,
que estando ao lado teu sofrendo e amando
morre em mim toda a dúvida de teu olhar.
Mata-me de olhos fechados para que eu não pense
que na verdade não matas-me, mas internaliza-me.
Ou internaliza-me de fato e expira-me para que eu viva.
Lava-me as feridas que o tempo se incubirá de fechá-las.


Título: Reinaldo Rodrigues -> @Rei_LV
Obrigada por tudo, amigo! ;) =*

colchetes do título: esta que vos escreve.