quinta-feira, julho 14, 2011

Dois em um


Hoje vou falar do poeta.
É preciso entender o poeta.
Não somente este, nem aquele,
nem meus poetas favoritos.
Falo do gênero poeta.
O poeta deixa de ser homem quando poetiza.
Deixa seu corpo mortal, seus defeitos e vira poesia pura.
Somente alma.
A dor e a delícia não o deixam.
O que está na alma do poeta, o que quer que seja,
não desprende-se dele como o corpo.
E é na alma onde habitam a dor e o gozo,
as lembranças, o amor,
a esperança e, de novo, a dor.
Poeta poetizando é alma que se pena a ensinar,
mesmo sem querer ou saber.
Por isso todas as almas se rendem ao verso.
Poeta em poesia não é homem, não tem defeitos,
nem erros, nem caráter bom ou mau.
É apenas poeta, apenas poesia.
O bem e o mal se rendem à condição de poeta.
Aguardam sua alma retornar ao corpo.
Por isso alguns (ou todos os?) poetas
pranteiam seus desamores nas linhas das mãos e,
quando prendem-se novamente ao corpo,
são amados egoístas, desatentos ao amor e ao amar
- são de novo gente.
É preciso perceber o poeta
em poesia e em carne.
Dar a ele o tempo e o espaço necessários
para ser inteiramente os dois (quase) extremos.
Então o poeta terá lugar no Universo
e alguém terá, enfim, amado plenamente um poeta.

Imagem: Google