sexta-feira, junho 01, 2012

Dores e Penas


Há tempos essas dores vêm e vão.
Não há espaço, não caibo em mim.
A poucos minutos eu cabia naquela casca e agora eu mesma a quebrei.
Está em pedaços como tantas outras já estiveram.
E será que ninguém sentiu falta delas?
E será que ninguém pensou o que faria fora delas?
E o que fazer com sua casca em pedaços?
E o que fazer com os pedaços de mim?
Minhas penas crescem a cada dia.
Grandes penas. Duras penas!
E como dói crescer!
Dores e desamores por todos os lados.
Não há canto que não doa, não há pranto que me caiba.
As dores que se vão são dores que se esquecem de doer,
adormecem dentro em mim pra despertar em outro lado da nova casca que sou.
E as penas crescem.
Que serei? Quem serei? O que a vida vai fazer de mim?
Que pés são esses que apontam três caminhos adiante e o passado?
Que face é essa de olhos maiores e lábios voltados para baixo?
Quando passei a ver mais longe?
Quando passei a cantar mais alto?
E as penas crescem.
Quando minhas penas crescerem a ponto de eu não mais poder carregá-las, elas me carregarão.
Voarei pra longe de tudo isso.
E morrerei de saudades.
Voarei para longe de mim. Ou para longe do que fui.
Então talvez eu vire estória.
Ou talvez uma chama faça nascer algo das dores de mim.