sábado, abril 07, 2007

Vida de vento


Porque é difícil viver sozinho, é mais ainda viver acompanhado.
Bom é ser vento. Passar pelas pessoas, agradar a quem se quer!
Despentear árvores, direcionar barcos... Deve ser bom ser vento.
Porque ventos não choram, não sentem saudade, não são deixados de lado nem têm que escovar os dentes antes de dormir!
Apenas viajam, cirandam pelo mundo, vão aqui e ali o tempo todo!
Pessoas grandes e pequenas, importantes ou não, todas sentem o vento, são visitadas por ele.
Ventos levam notícias, trazem tristeza, ajudam os voadores (naturais, é claro)... Diria até que ventos são felizes caso eles fossem coloridos. Mas não são.
Então resta apenas viver. Porque nada nem ninguém é completo e pleno em si. Apenas deus.

Então sozinho ou acompanhado, triste ou alegre, viver é uma arte.

A arte de permanecer apesar de todas as variáveis, de sentir o vento rir-se de nós, de tanta ansiedade pra nada, frustrações, enganos. Viver é respirar apesar de tudo isso e de muito mais.

É ter esperança no amanhã apesar de tanta desesperança agora.

Há sim os momentos em que só existimos, deixamos o dia escorrer até tornar-se novo mas, mesmo em dias difíceis é possível viver.

Vezes sozinho, vezes acompanhado, vezes sentindo saudade. Haverá sempre um pavio de esperança aceso, mesmo pequeno, que impedirá que morramos de frio. Para que o ciclo se repita e, num outro momento de tristeza cogitemos ser vento e viver sozinho.

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