segunda-feira, outubro 22, 2007

Uma chuva qualquer


Era um tempo morno, cheio de vãs aspirações.
A ansiedade me rodeava como agora rodeia minhas mãos.
Os olhos que me olharam não me viram e até agora os sons que me tocam não me ouvem.
Estava uma noite fresca e calma, pra contrastar as mornas sombras em mim.
Então fez-se raio na madrugada, cortou o salão sem que eu visse.
Sorriu. Ensaiou algumas tímidas palavras, meio sem vontade de nascer...
E então vi, li, reparei cada detalhe, cada expressão.
Na cena que se fez a voz se calou. Balbuciei qualquer sílaba tentando manter a pose.
A chuva veio lavar a ansiedade que me sujou por inteiro.
Um "até logo" me foi jogado meio sem vontade de viver...
Seu rosto estava longe, desceu as escadas em busca do tempo...
Outros olhos me viram, me acharam nas gotas humanas. Sorriram e falaram, mas que tenho eu com eles? Que tenho com os seus?
Mais tarde a chuva correu fina e os raios maus lembraram tudo outra vez, também havia trovões, mas não pude decifrar o que diziam...