segunda-feira, julho 20, 2009

Chocolate quente com as paredes



*Estive ocupada vivendo, acumulei muitas crônicas, algumas delas estão aqui. A seqüência correta (cronologicamente falando) é de baixo para cima, começa em "Ensaio para 21/03" até a crônica seguinte, "Chocolate quente com as paredes".

Talvez um dia eu me assente numa varanda, nas mãos uma caneca de chocolate quente, perca o olhar no horizonte ou em um pássaro qualquer e, com certo sorriso nos olhos e na face, entenda enfim toda a ciranda que a vida dançou à minha volta.
Mas enquanto isso não acontece, vivo eu a vagar por este mundo, tentando entender um detalhe ou outro. Assim sendo, deparei-me com o coquetel de coisas que me atingem todos os dias, duas, três, quatro, cinco, inúmeras vezes ao dia!
São tantos os olhos perdidos de amor! Tanta saudade de quem nunca vi! Tanto riso que se cala, tanta dor que se aquieta... Às vezes perco o rumo. Horas e horas tentando entender que música é essa que a vida me orquestra, mas qual!? Será que não tenho ouvidos para ouvi-la? Ou me faltam as letras para entendê-la? Tenho olhos e sei: às vezes ela me sorri! Sim, e nos rimos de mim e gargalhamos de minha pequinês! Ouvi dizer, num tom resmungão, que as paredes têm ouvidos e digo: Não só ouvidos, mas boca, olhos e face! É a vida que nos quer conversa e basta acenar que ela vem e se assenta na varanda e deita palavras a falar da vida alheia e morre de rir e renasce, como quem nunca imaginou, como quem aprende tudo outra vez, resnasce a vida a cantar e contar histórias de ninar que, talvez um dia, eu entenda, mas só com uma caneca de chocolate quente.