quarta-feira, julho 11, 2012

Enquanto eu estiver aqui

Nos dias em que lembro de você o mundo fica mais cinza.
Você passou e floriu tudo, solarizou todo o nosso breu.
E era tudo tão claro que qualquer nota se fazia desnecessária.
Exceto as notas de qualquer melodia sua.
Essas, soam até hoje.
Às vezes eu penso que você só está em mais uma viagem infinda.
(e não está?)
Às vezes me lembro de nossas conversas breves, nossos cafés na cozinha,
nossas praias...
Às vezes quase sinto você me acordar me arrastando pela casa, puxando o edredon...
Às vezes quase ouço a sua voz, seus passos.
E sempre, todos os dias, eu ouço seu sorriso e vejo seus olhos apertadinhos
mastigando cada "ha" da sua gargalhada.
É difícil lembrar que você se foi.
É difícil pensar que você se foi sem eu nem me despedir,
sem eu nem dizer tudo e tanto que você é pra mim.
E guardo toda dor o máximo que posso,
até implodir o peito e vazar os olhos.
E evito deixar que vejam, pra que não sofram, pra que não sintam, não consolem.
A dor não se consola.
Se consola a solidão, a dúvida, a dívida.
A dor não.
A dor se sente, se mastiga, se degusta até a última gota.
Porque quando ela passa é preciso lembrar como ela é. Pra não deixá-la vencer de novo.
Se ela vencer ou não, se eu vencer ou não.
Seu lugar ficará sempre vazio, esperando te encontrar de novo.
Meu amor estará sempre aguardando a sua volta.
Nas minhas vitórias e alegrias, faltará sempre um sorriso seu do lado de fora,
porque do lado de dentro você sorri pra mim todos os dias.
E enquanto eu existir, você existirá em mim.