Enquanto aguardo o florescer,
morro semente, nascem raízes,
nasce um broto de qualquer coisa que serei (ou já sou?).
E cresce.
Cresce em mim qualquer projeto de algo grandioso.
Serei flor ou árvore?
Serei o que, ainda semente, vocacionava ser,
serei todo o potencial que a semente desconhecia ter.
Há quem passe pelo ipê e veja um belo cenário:
pássaros aninhados, troncos maduros, flores, folhas e sementes nos galhos e no chão;
algumas experiências de vida espalhadas ao vento e à terra;
e outras guardadas para si, presas em dedos de árvore.
Mas há também quem passe pelo ipê e veja galhos e troncos nus
restos de pétalas, galhos e folhas pisados num chão sujo.
Há que se perdoar as visões pessimistas,
olhos de sementes que ainda não puderam morrer,
não sabem a delícia de renascer broto de grandeza.