segunda-feira, setembro 08, 2014

Canto da caixa

É, eu queria te falar umas coisas.
Assim... algumas delas talvez te façam bem, outras certamente você dispensa.
Mas são verdades minhas.
Uma delas é que você faz muito bem a quem está perto. Mais do que você pensa. Outra é que você também faz muito mal. A si e a quem está perto. Mas é um mal bem diferente do que você pensa.
Sua autoimagem me incomoda bastante. Até porque ela te faz ter uma imagem dos outros bem pior do que deveria ser.
Eu vejo dor, eu vejo muita dor onde você pensa não mostrar nada. Irresponsabilidade onde você não pensa ter; proteção, cuidado e culpa onde você pensa ser irresponsável. Rs acontece.
Por ironia do destino a gente não pode esconder tudo o que é. E, por sacanagem mesmo o destino faz pessoas lerem a gente. Acontece.
Não se culpe por isso. Nem a mim, por favor. Você sabe que eu não tenho culpa.
Tanta coisa... Eu não quero te despir, mesmo te vendo sempre nu, eu quero te deixar à vontade pra se despir ou se vestir o quanto queira. E é por isso que eu guardo tanta coisa. Porque eu respeito o seu direito de ser ou não ser, de ir e vir. E gosto de ser assim mesmo que você não saiba. Às vezes você me irrita a ponto de me fazer desejar te explodir em verdades e te fazer uma porção de carne inerte no chão. Mas aí eu volto a mim. Não me leve a mal, eu não quero basear meus atos pelos seus. Não quero ser vítima do meu próprio troco. Não quero que minha reação dependa da ação de ninguém. Até hoje eu consegui fazer isso com você. Desvincular minhas respostas e reações das suas, não depender do seu humor para lhe ser cordial ou crua. Isso é uma evolução enorme em mim. Mas enfim, não estou aqui pra falar de mim.
Ah, tem uma coisa que você vai adorar!
Você me surpreende quase sempre.
Eu disse quase.
Algumas vezes você é bastante previsível!
Mas outras não. Eu vejo um bem em você, assim, do nada, tão seu e tão inerente que você nem nota. E gosto de olhar pra esse bem em você e cumprimentá lo. Costuma ser breve, sua benevolência não é aparecida como você, por isso é legal encontrá-la. E ela me acena, nos reverenciamos e ela se vai. É breve, às vezes é até inoportuno, mas é sempre bom vê-la. Ah, o menino eu também vejo! Mas esse eu vejo sempre. Sempre e em tudo. Todas as partes de você transbordam um menino bem pequeno e frágil. Ele não é sabe que eu o vejo, nem sabe que aparece, mas é melhor assim. Gosto de vê-lo sem que ele me veja. Às vezes da vontade de te contar que o vi, que ele está lá e quer sair pra brincar e rir com a gente. Mas é melhor não. De qualquer forma ele brinca e ri com a gente, só que vocês dois não sabem que eu sei. Enfim... As coisas que você não vai querer saber eu vou guardar aqui na caixa de mim. É mais seguro. Também já estou chegando no trabalho, não daria tempo pra divagar a respeito. A gente se vê por aí.