segunda-feira, maio 09, 2011

Um amigo e dois poetas palhaços



Eu tenho um amigo que nunca vi.
Um amigo de infância que conheci há pouco
Meio irmão, meio eu, meio poeta e meio palhaço.
Sua força de menino chegou com certo som
Com um tal bom poeta, outro menino grande
E, mais dia, menos dia, me pus a olhar os meninos.
Vezes um, vezes outro, vezes os dois de uma vez só.
Desamassaram meus rabiscos,
Rabiscaram meus abismos,
Abismaram meus papéis.
O poeta me trouxe um amigo,
O amigo me traz um menino poeta e um menino através do poeta.
Eu tenho um amigo! Que mais precisaria ter?
Meu amigo me é ombro e olhos, ouvidos e dedos.
Somos irmãos que nunca se viram.
Somos amigos que não se separam.
Somos amigos.
Graças ao poeta, graças a Deus e graças à vida.
Que me deram um amigo por mero acaso do destino.
Eu tenho um amigo menino poeta palhaço
que ouve, e sabe, e escreve, e harmoniza.
Silêncio.
Meu amigo precisa de colo e no colo se fala e se dorme.
Silêncio. Ele está falando e ele vai dormir.
Viu? Adormeceu o menino.
Mas faça silêncio ainda.
Poetas, palhaços e meninos sonham de olhos abertos e fechados.