segunda-feira, junho 13, 2011

Você não sabe

Quem você pensa que é
pra me fazer chover assim?
Eu lhe fui abrigo e abraço
a hora que quisesse,
o tempo que quisesse.
Ainda que não tenha nunca me amado,
não tem o direito de despedaçar meu peito
só por ser o meu amor.
E enquanto a dor trovejar em mim
bradarei do meu abismo
que o seu descaso fere mais que o próprio ódio.
Quantas lágrimas você fez chover de uma vez só?
Que raio de olhar é esse seu
que troveja o céu de minha terra?
De que canto do submundo você veio
que não vê que a dor que lhe dói - se é que realmente dói -
é a mesma que espalha a todas as terras?
Chuva cor de uva pra afogar quem você é.
Você não é quem pensa ser.
Quem você pensa que é?
Que faço desse amor agora?
Se lhe mato dentro de mim, morro também.
Se lhe deixo a vida, resta-me a morte.
Derramarei toda minha chuva dentro do abrigo que lhe dei,
e no abraço que lhe encaixei.
E, mais que desejar-lhe a morte,
desejo-lhe a vida em dilúvio perpétuo.
Todas as chuvas que molharam as terras,
fecundarão as sementes de amargura que caíram
desse seu doce olhar embriagante.